A barulheira da modernidade

As discussões políticas e econômicas de nosso século podem ser perfeitamente resumidas a chavões e estereótipos de fáceis memorização. Hoje em dia, qualquer um pode encerrar um debate simplesmente dizendo que a opinião contrária é um “preconceito”. Ou dizendo que o lado de lá defende direta ou indiretamente interesses espúrios, militando direta ou indiretamente ao lado de corporativistas de Wall Street. Ainda pior, sua opinião pode simplesmente ser descartada por você não ter o selo pós-moderno de autoridade: o Curriculum Vivênciae. Do lado extremo oposto do ringue, neocons bravejam falácias “argumentum ad antiquitatem”: venci o debate pois minha ideia é mais antiga na história humana.

O uso irrestrito de chavões – às vezes até com uma pompa de intelectualidade – poupa o homem qualquer trabalho mental e curiosamente, o homem pós-iluminista, o homem moderno é justamente aquele que menos pensa, o que mais repete chavões e estereótipos automaticamente. Ora, mas logo nós, seres de um século iluminado, o século da correria, do barulho incessante, da internet e da informação? Pois exatamente por isso. “O mundo seria mais silencioso se houvesse mais trabalho”, escreveu G.K. Chesterton. Este é um fenômeno comum de nossos tempos: a preguiça e a ausência de atividades produtivas tornam o homem chato, bêbado, barulhento, irritante — olhem para os reclamões de facebook e se darão conta disso imediatamente. Parafraseando Chesterton, poderíamos dizer: as nossas mentes seriam menos barulhentas e burras se tivéssemos mais trabalho intelectual.

A barulheira do mundo é só um reflexo da barulheira intelectual; os chavões e os ideólogos que gritam em nossos ouvidos são aqueles que nos impedem de pensarmos, que imbecilizam o homem para melhor controlá-lo. Chesterton mesmo afirma-o: “E isso que se aplica à aparente correria física também se aplica aparente correria intelectual. A maior parte do mecanismo da linguagem moderna visa a poupar trabalho; e poupa muito mais trabalho mental do que deveria.” Frases científicas são usadas como rodas e pistões científicos para tornar ainda mais rápido e suave o caminho do conforto. Palavras compridas passam por nós chacoalhando como longos trens ferroviários. Sabemos que carregam milhares de pessoas que se sentem demasiado cansadas ou indolentes para caminhar e pensar por conta própria.

Por Lacombi Lauss

A zumbificação dos jovens

Um dos fatos mais alarmantes dos tempo modernos e, de longe, o que mais me preocupa, é a radicalização partidária e a crescente politização no Brasil. Jovens com alto nível de renda, boa escolaridade e pais socialmente bem estruturados abdicam dos estudos, criam desavenças com amigos e familiares, transformam a internet, o ambiente de trabalho e de estudo em verdadeiros campos de batalha política. Na rua, ficam roucos de tanto gritar, arrumam brigas, depredam lojas e espaços públicos e até são levados para a cadeia por causa do teatro político que se passa em Brasília — recentemente, uma garota chegou a perder uma das visões em virtude disso. É um cenário pós-apocalíptico, onde seres bestiais, da esquerda à direita, reagem feito animais selvagens a estímulos aleatórios que vem de Brasília, estímulos esses que são meros efeitos inexoráveis de vários rituais macabros que ocorrem de forma totalmente independente dos eventos no seio da sociedade civil.

A política é um sistema que busca dividir as pessoas para mais facilmente dominá-las — divide et impera sempre foi seu princípio estratégico. O lamentável fato da política pautar e influenciar algo tão importante quanto a amizade e a família dos jovens significa que, seja lá qual for os resultados das urnas, a classe política venceu. Sempre foi assim em todos rituais — dos Incas, Astecas até os de hoje: seus sucessos são medidos pelo número de sacrifícios humanos em torno dele. Se você ama seu filho, eduque-o desde criança a ter uma consciência contra a política e o uso da política, para que os piores bandidos de todos, eles mesmos, os políticos sejam rejeitados, ignorados e para que a política seja vista como aquilo que ela realmente é: um circo de seres bárbaros, moralmente desinibidos, sedentos de poder e controle e tendo a criação de conflitos em sociedade como a via para o próprio sustento. Raros são os casos de adultos que arruinaram sua adolescência em virtude da política e que hoje não se arrependem amargamente.

Por Lacombi Lauss